“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Os pensamentos que organizo aqui nasceram da palestra sobre a Carta 7 de Platão. A filósofa Lúcia Helena Galvão, da Nova Acrópole, falou sobre a missiva do discípulo de Sócrates, no dia 28 de outubro de 2017. Ela destaca, na entrada, a importância do texto, porque é a primeira vez de Platão (em primeira pessoa).
Diálogos são a estrutura da obra do fundador da filosofia política ocidental. Neles ele nunca aparece – nem ao menos como personagem secundário. Inclusive, os estudiosos criticam a forma perfeita como Sócrates é descrito, em vinte e cinco livros.
Após a morte de Sócrates. Ele fica meio perdido. Seu principal discípulo era Dion (um homem inspirador, cheio de justiça). Decidem ir juntos a Siracusa para ensinar lições de bondade e justiça a Dionísio. O tirano recebe o sobrinho e o filósofo muito bem, mas quando percebe a intenção dos dois. Vende Platão como escravo aos inimigos de Atenas. A sorte é Anicerios, que o reconhece. Compra-o e o liberta.
O autor de A República observa, in loco, o abuso de poder, a promiscuidade, a luxuria, a crueldade, a opressão, e as ameaças a quem se opõe ao poder, (naquela região da Sicília). Dionísio II quando assume o poder tirânico amplia as maldades, desrespeita as leis e a humanidade. Naquele lugar, existia tudo, menos valores humanos.
É bem provável que a terra seja ainda esférica. Vez ou outra a moda se repete. Bolsonaro assume o poder em janeiro de 2019. A eleição foi uma fraude, bem exposta pelo jornalismo investigativo do The Intercept Brasil, pelas obras sociológicas de Jessé Sousa, pelo maior intelectual americano Noam Chomsky, que acusa o imperialismo de golpistas descarados.
TEXTO: PAULO RODRIGUES – Professor de literatura, poeta, escritor e autor de O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018) e membro da Academia Poética Brasileira.