Meditação do Evangelho: “Experimentar que a mão de Deus nunca solta”
O grande escritor francês Julien Green contou a história da sua conversão numa obra chamada Far Earth (Terra distante). O que aconteceu para ele, depois de uma vida desiquilibrada, foi o encontro consigo mesmo. A conversão é encontrar o que está desencontrado, é ser o que se é! É bacana porque Julien encontrou em um orientador espiritual o equilíbrio para viver naquele entremeio de duas guerras mundiais e, como também aconteceu com Etty Hillesum, o processo foi como um constante «aprender a ajoelhar». Do testamento do francês nós ainda encontramos essa preciosidade: «quando você aperta a mão de Deus, ele não solta facilmente!».
Jesus, no evangelho de hoje (Jo 10, 22-30) falou das mãos de Deus para os judeus que representavam a resistência a novidade: «meu Pai me deu essas ovelhas e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai!» Deus guarda as ovelhas na sua mão! A mão de Deus é o nosso lugar, é o nosso refúgio e a nossa esperança! No Pai e em Jesus que «são um» se encontra essa experiência mais original da fé que é aprender a confiar. Confiar é alguma coisa como dar a mão para Deus, experimentar que a mão de Deus nunca está distante, nunca solta, nunca abandona!
É impressionante porque mesmo no auge do sofrimento muitas pessoas experimentam a mão de Deus como um sopro, como um frescor, como alguma coisa que diz: calma, você não está sozinho! Com o passar do tempo se olha para os momentos difíceis e trágicos e se confirma: de fato, alguém nos segurou! No buraco mais fundo se encontra uma mão! E a mão de Deus assume a mão de tantas pessoas e, às vezes, é mão que não se espera porque a mão de Deus também é surpreendente, como escreveu Guimarães Rosa no Grande Sertão Veredas: «com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve.»
Pe. Maicon A. Malacarne @maiconmalacarne